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Ativista por opção e profissão

Danielly Oliveira/ Imprensa FNA A história profissional da Raissa Monteiro poderia ser contada pelas contribuições [valiosas] que deixou nos espaços e comunidades onde passou. Desde que decidiu seguir a profissão, sentiu que deveria usar seu ofício como ferramenta de inclusão e justiça social. E é o que vem fazendo em uma carreira guiada pelo coração The post Ativista por opção e profissão appeared first on FNA.Read More

Danielly Oliveira/ Imprensa FNA

A história profissional da Raissa Monteiro poderia ser contada pelas contribuições [valiosas] que deixou nos espaços e comunidades onde passou. Desde que decidiu seguir a profissão, sentiu que deveria usar seu ofício como ferramenta de inclusão e justiça social. E é o que vem fazendo em uma carreira guiada pelo coração trabalhando junto aos menos favorecidos no Nordeste do Brasil. Após anos como servidora pública, recentemente se engajou em experiências no Terceiro Setor, onde encontrou uma nova janela de atuação. 

Natural de João Pessoa (PB) e no auge dos seus 34 anos, Raissa se mudou para o Recife (PE) no final de 2021 para encarar uma nova aventura: ser Analista de Inovação na Agência Recife para Inovação e Estratégia – ARIES. A ONG é co-executora do Projeto CITinova em Recife e desenvolve diversas ações e projetos junto ao poder público local com foco na promoção de cidades mais sustentáveis e na redução das desigualdades.

Raissa acompanha projetos em desenvolvimento que abordam desde a habitação de interesse social à adaptação da cidade aos efeitos das mudanças climáticas. De setembro a dezembro de 2021 Raissa também colaborou com a ONG Habitat para Humanidade Brasil em Recife, onde realizou um trabalho de apoio pedagógico ao curso “Direito à Cidade e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, cujo objetivo era o engajamento e a formação de ativistas e agentes sociais sobre temáticas urbanas pertinentes. Para Raissa, a cidade deve ser construída a partir do saber coletivo, sendo essencial acolher e considerar diferentes vivências, existências e depoimentos, não apenas o conhecimento oriundo de formações técnicas.

A trajetória de vida da arquiteta e urbanista incorpora o mote “pensar global, agir local”, pois foi escrita a partir de experiências em outros países e trabalhos com planejamento urbano no poder público local. Mestra em Assentamentos Humanos pela Universidade Católica de Leuven (KU Leuven/Bélgica), Raissa atuou na Secretaria de Habitação da Prefeitura de João Pessoa (PB), sendo coautora do projeto de HIS “Vila Sanhauá”, no centro histórico de João Pessoa, passou pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba em 2015 e, entre 2017 e 2020, trabalhou na Prefeitura de Conde, como Coordenadora de Planejamento Territorial dentro da Secretaria de Planejamento. 

No período que integrou o SEPLAN/Conde participou da concepção e implementação de projetos de grande relevância local e nacional, com foco em engajamento e participação social. É o caso do Escritório Público de Assistência Técnica – EPA, que foi premiado entre as dez iniciativas mais inovadoras em municípios pelo Brasil pela Confederação Nacional dos Municípios e do Concurso Público de Projeto para Requalificação da Área Central de Conde, iniciativa que ganhou o Prêmio Cidade Caminhável em 2021.

Em 2019, a Prefeitura de Conde também foi reconhecida pelo Prêmio Arquiteto e Urbanista do Ano da Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas (FNA). Em 2020, com o fim do mandato da prefeita Marcia Lucena, Raissa encerrou seus trabalhos na Prefeitura de Conde e atuação no setor público. “Um dos maiores desafios do planejamento urbano nas cidades é superar o tempo de um mandato”, conta. 

Apesar do curto tempo, os projetos realizados por ela e a equipe de profissionais que integravam a Prefeitura da cidade foram reconhecidos nacionalmente. Raissa explica que as ações realizadas na cidade paraibana foram bem executadas e reconhecidas porque existia escuta intensiva e vontade política de aplicar soluções urbanas que pudessem reparar lacunas históricas daquela população. “Um dos maiores desafios foi agir de forma rápida e criativa para sanar as urgências do presente ao mesmo tempo em que, pela primeira vez na cidade, introduzíamos a possibilidade de pensar o futuro de forma coletiva”. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a profissional já fez estágio na Comissão Permanente de Desenvolvimento do Centro Histórico de João Pessoa. Além dessas experiências, ela realizou um intercâmbio para França através do programa BRAFITEC, onde estudou e estagiou em um escritório de arquitetura da cidade de Strasbourg.

Porém, não é só de Arquitetura e Urbanismo que vive Raissa. “Gosto de trabalhos manuais, artes visuais e voltei a fazer xilogravura”, pondera. Em seu tempo vago, gosta de tocar percussão, e também escreve poesia. Publica seus escritos em um projeto chamado Nossa Fala (@nossafala) e já teve poemas publicados em um livro. 

Após passar por uma transição capilar que a despertou para reconhecer-se enquanto mulher negra, Raissa relata que tem procurado se aproximar das pautas de gênero e raça dentro e fora da profissão, refletindo sob essa lente suas ações no mundo e trazendo a discussão para os lugares onde frequenta.  

Mais do que lutar pelos direitos das comunidades, Raissa sabe que há muito a fazer por sua profissão. Foi pensando nisso que, em 2021, passou a integrar a chapa que venceu a eleição do Sindicato de Arquitetos e Urbanistas da Paraíba. No Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Raissa é conselheira superior pelo Departamento da Paraíba e co-coordenadora da Comissão Extraordinária de Equidade de Gênero. “Existe uma grande quantidade de profissionais engajados em pautas sociais que precisam ocupar espaços dentro do poder público, ou serem incorporados e incentivados a contribuírem com a construção da cidade de forma direta, através de concursos públicos de projeto ou trabalhando com Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social”, destaca. 

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