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Profissionais defendem urgência nos modelos participativos de acesso à cidade
“Há um grande consenso no Brasil: o de que os pobres podem ser deixados para depois.” Foi com essa frase que o médico epidemiologista Ion de Andrade, colaborador do movimento BR Cidades, definiu o grande abandono que as questões urbanas para as zonas mais vulneráveis sofrem nas consecutivas gestões públicas, sejam elas de direita ou The post Profissionais defendem urgência nos modelos participativos de acesso à cidade appeared first on FNA.Read More
“Há um grande consenso no Brasil: o de que os pobres podem ser deixados para depois.” Foi com essa frase que o médico epidemiologista Ion de Andrade, colaborador do movimento BR Cidades, definiu o grande abandono que as questões urbanas para as zonas mais vulneráveis sofrem nas consecutivas gestões públicas, sejam elas de direita ou de esquerda. Participante de live do 44º Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas (Ensa), na noite de quarta-feira (2/12), o profissional da área da saúde denunciou o abandono que os brasileiros vivem quando o assunto é direito à moradia. “Eu me sinto cansado de pregar para ouvidos surdos. Pessimista da razão, otimista da ação, como diria Gramsci.”
Com “bons, maus e muito-maus” exemplos do que seriam projetos urbanos, Andrade defendeu a constante construção coletiva entre poder público, profissionais e comunidades como uma das únicas formas de vencer a desigualdade nas cidades. O médico expôs, durante a sua apresentação, o projeto Rede Inclusão com origem em Natal (RN). A iniciativa trata-se de um instrumento colaborativo para fazer chegar às periferias e zonas rurais do Brasil o acesso às políticas públicas inclusivas e equipamentos coletivos para o esporte, a cultura e o lazer. Segundo ele, para a efetiva implementação de um projeto como este, o custo médio para os orçamentos municipais das capitais seria de 0,58%, ou de 0,2% para o orçamento federal. “Precisamos destinar orçamentos públicos prioritários para sanar a chaga da exclusão social” conclamou.
O sistema excludente em que as cidades foram desenhadas, principalmente a cidade de Brasília (DF), foi o destaque da fala da arquiteta e urbanista Mariana Bomtempo, secretária do ArquitetosDF, que também participou do evento. “Temos que ter claro que estamos nadando contra a corrente. Contra o patriarcado, o racismo, o sistema capitalista”, pontuou sobre os profissionais que trabalham com assistência técnica social. Segundo Mariana, Brasília é uma cidade nova, elitista e que carrega o peso de ter sido projetada por Oscar Niemeyer e patrimônio cultural da humanidade. As problemáticas sociais acabaram sendo ofuscadas durante muito tempo. Porém, atualmente, ela percebe movimentos de mudança, principalmente entre os estudantes de Arquitetura e Urbanismo. “Vejo no futuro dos estudantes e na questão da extensão uma estratégia.”
Com larga experiência, justamente, entre os estudantes, a professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) Maria Lúcia Refinetti explicou sobre o projeto de residência em AeU desenvolvido naquela instituição. “Foi um desafio muito grande de tentar construir uma atividade remunerada, de período integral e que atua com algum compromisso de que aquilo vai se desdobrar e está interagindo com o poder público”, contou sobre a experiência. Comparando a ideia com a residência do curso de Medicina, que foi criada a partir de uma intersecção do Ministério da Educação e o Ministério da Saúde, Maria Lúcia defendeu a integração entre os profissionais que atuam na saúde pública e os arquitetos e urbanistas. “O que me levou à saúde pública foram as limitações do urbanismo. A gente deve buscar a residência multiprofissional”, defendeu.
Mediando o debate, o secretário de Políticas Públicas e Relações Institucionais da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) Patryck Carvalho afirmou que um grande desafio para os profissionais da área é fazer a sociedade brasileira entender as questões urbanas. “Isso só pode virar política pública quando for demanda social. A gente acabou de passar por um processo eleitoral em que, na maioria do país, essas questões estão longe dos debates e das plataformas que vão conduzir nossas cidades nos próximos anos”, destacou. Ao final da transmissão, Patryck fez um pedido singular: “Que a gente continue acreditando nas brechas, até que elas virem espaços de abertura e de passagem”.
A live completa pode ser conferida no link https://www.youtube.com/watch?v=Chn4oZEdiT0.
O Ensa é uma promoção da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas conta apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR). A programação segue até domingo (6/12).
No Chat: Confira aqui alguns comentários que chamaram atenção no chat da live:
Eleonora Mascia
“O programa MCMV Entidades foi uma fonte importante para ATHIS junto ao movimento popular.’
Lucia MoraesÍon
“Nosso parceiro na luta pelo direito à Cidade. Mãe Luiza é um grande exemplo de participação popular, contando com a participação ativa de Íon.’
Carin D Ornellas
“Precisamos da força dos jovens que FAZEM!”
Ronaldo Sá Oliveira
“Conte conosco para acompanhamento de normas ABNT como já fizemos no passado. As normas continuam sendo criadas sem ouvir os arquitetos.’
Sinarq MG
“A necessidade de mudança com a COVID, faz c que a necessidade de ATHIS seja uma demanda social!”
Dânya Silva
“Os governos municipal ou estadual são despreparados para fazer as devidas regulações fundiárias, desapropriar e indenizar a área principal, para regularizar a posse, tornando o lote legal.”
Oritz Campos
“Parabéns FNA pela programação extensa, profunda e envolvente.”
Diana Bogado
“Mariana Bomtempo mais uma vez com colocações excelentes. Não se modifica a lógica de exploração capitalista que não seja invertendo também a lógica colonialista, racista e machista.”
Imagem: Reprodução Youtube
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