Vitorya Paulo/Imprensa FNA Pela primeira vez desde sua fundação, arquitetas e urbanistas serão maioria no Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). A eleição, realizada no dia 15 de outubro em todo o Brasil, elegeu 210 mulheres, 51% das 411 cadeiras disponíveis para conselheiros estaduais e federais titulares para a gestão 2021/2023. Foram nove estados que The post Mulheres são maioria na eleição do CAU appeared first on FNA.Read More

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Pela primeira vez desde sua fundação, arquitetas e urbanistas serão maioria no Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). A eleição, realizada no dia 15 de outubro em todo o Brasil, elegeu 210 mulheres, 51% das 411 cadeiras disponíveis para conselheiros estaduais e federais titulares para a gestão 2021/2023. Foram nove estados que colocaram a presença feminina em destaque (AC, AL, AM, GO, PB, RJ, RS, SC e SP), elegendo mais arquitetas para ocupar as vagas titulares nas autarquias estaduais. Se todas as candidaturas foram devidamente homologadas, o CAU passará a ter dez conselheiras federais de um universo de 27 vagas nacionais, frente a seis na gestão atual. A maioria feminina é motivo de orgulho para uma profissão em que 63% dos profissionais ativos são mulheres. Segundo levantamento publicado pelo CAU/BR de março de 2019, dos 167.060 arquitetos e urbanistas ativos e registrados no conselho, 105.420 são mulheres e 61.640 homens. 

Um dos destaques das eleições do CAU deste ano foi o pleito no Estado de São Paulo, onde a presença feminina chegou a 70% do quadro de conselheiros. A chapa “CAU+PLURAL”, formada apenas por mulheres, recebeu 39,71% dos votos válidos do colégio eleitoral paulista, ocupando 49 das 77 vagas disponíveis. Ao todo, somando as demais chapas, o CAU/SP terá 54 mulheres e 24 homens. A arquiteta e urbanista Fernanda Simon, eleita para o cargo de conselheira estadual em São Paulo e ex-diretora da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), explica que a formação da chapa foi feita de forma coletiva e horizontal, e essa lógica será reproduzida na gestão das conselheiras eleitas. “Entendemos que o CAU se transformou num órgão muito burocrático e pouco conectado aos arquitetos”, expõe. Com mulheres negras, brancas e indígenas, a chapa também preocupou-se em ter pluralidade etária, com candidatas de 20 a 70 anos.

Apesar do movimento que busca reproduzir a realidade da profissão, há questionamentos sobre a candidatura da chapa CAU+PLURAL. Após as eleições, o CAU/SP admitiu uma denúncia contra a Chapa por suposta violação do artigo 22 do Código Eleitoral, que diz respeito à propaganda eleitoral dos candidatos das eleições, o que poderia levar à cassação do registro da candidatura. O processo deve ser decidido até o dia 27 de novembro, quando o resultado das eleições será homologado. Conforme explica Fernanda, a intenção nunca foi transformar o CAU em uma autarquia 100% feminina mas, sim, conseguir eleger uma quantidade expressiva de mulheres. “Apesar disso, tivemos o apoio de muitos homens. Não é à toa que fomos a chapa mais votada na história do CAU/SP”, pontua.

Em Santa Catarina, elas também representaram a maioria. A Chapa Mais Arquitetas, também 100% formada por mulheres, conquistou 40,5% dos votos, elegendo nove profissionais. No total de 17 vagas estaduais, 11 serão ocupadas pelo gênero feminino. Segundo a conselheira federal eleita, Daniela Sarmento, é a segunda vez que uma chapa totalmente feminina vence no CAU/SC. “Agora, somos 64% das mulheres no conselho. A meta era essa, atingir equidade, pois esse é o percentual de arquitetas que temos em Santa Catarina”, afirma Daniela. Para ela, ter mulheres em cargos de liderança contribui com o desenvolvimento da profissão. “É importante para que possamos expressar o nosso conhecimento e garante que o nosso jeito de fazer as coisas seja considerado”, pontua. 

Além de SP e SC,  Mato Grosso do Sul também registrou uma chapa feita apenas de mulheres. A Chapa Elas por Todos foi a segunda mais votada, elegendo as únicas mulheres aos cargos de conselheiras titulares no CAU/MS.

Representatividade feminina avança, mas vagarosamente

A presença feminina nas entidades de Arquitetura e Urbanismo vem caminhando a passos lentos. Em 1989, a Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) elegeu sua primeira representante mulher, a arquiteta e urbanista Valeska Peres Pinto, que permaneceu no cargo por dois mandatos, até 1995. Depois dela, apenas em 2020, a federação voltou a ter uma mulher comandando a entidade: a arquiteta e urbanista Eleonora Mascia, que segue na gestão até 2022. Preocupada em manter a equidade de gênero, a FNA possui a política de paridade na inscrição de chapas que concorrem às eleições. “Ocupar espaços é importante, mas estar em cargos de liderança é fundamental. Precisamos, cada vez mais, ter mulheres decidindo sobre a nossa profissão, afinal, representamos mais de 60% da classe”, afirma Eleonora. 

Neste ano, outra entidade que elegeu uma arquiteta e urbanista para a presidência foi o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). A arquiteta e urbanista mineira Maria Elisa Baptista tomou posse como a nova Presidente Nacional do Instituto no dia 29 de setembro, em cerimônia virtual. Foram mais de 100 anos de existência do IAB para que uma mulher chegasse ao cargo. Maria Elisa permanecerá até 2023 na presidência. 

Com informações de Casa Vogue e Revista Fórum

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Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5 e 8, que correspondem a igualdade de gênero e trabalho decente com crescimento econômico, foram os temas norteadores do painel virtual desta quinta-feira (22/10), no Circuito Urbano 2020 da Onu Habitat. O alcance do ODS 5 é transversal e reflete a crescente evidência de que a igualdade de The post ODS 5 e 8 são focos de discussão em live do Circuito Urbano 2020 appeared first on FNA.Read More

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5 e 8, que correspondem a igualdade de gênero e trabalho decente com crescimento econômico, foram os temas norteadores do painel virtual desta quinta-feira (22/10), no Circuito Urbano 2020 da Onu Habitat. O alcance do ODS 5 é transversal e reflete a crescente evidência de que a igualdade de gênero tem efeitos multiplicadores no desenvolvimento sustentável. Por outro lado, o ODS 8 reconhece a urgência de erradicar o trabalho forçado e formas análogas do trabalho escravo, além do tráfico de pessoas. Os itens integram uma lista de 17 objetivos que também contemplam a publicação “Guia IAB para Agenda 2030”, onde 51 projetos e planos foram escolhidos por entidades de classe para representar a arquitetura e urbanismo na próxima década. A live contou com a mediação da presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Eleonora Mascia, e do secretário de Políticas Públicas e Relações Institucionais da FNA, Patryck Carvalho.

Um dos projetos escolhidos para integrar o ODS 5 foi o Coletivo CoCriança, fundado pelas arquitetas e urbanistas Beatriz Martinez e Camila Sawaia. O projeto, que iniciou em uma disciplina acadêmica da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUSP), revitaliza lugares públicos em periferias de São Paulo a partir do olhar das crianças dessas comunidades. A primeira intervenção do CoCriança foi no Jardim Elisa Maria, na Brasilândia, onde meninas e meninos do bairro reformaram uma praça da comunidade. Hoje, o coletivo conta com o auxílio de oito mulheres e busca levar discussões sobre equidade de gênero para esses espaços. “Pensamos as oficinas de uma forma horizontal e democrática, tornando a igualdade uma prática cotidiana para essas crianças”, explicou Beatriz.

No ODS 8, foram apresentados três projetos, o Centro Municipal de Inovação – Colabore, de Salvador (BA), o Caiçaras na Praia do Amor, de Conde (PB), e o Habitação de Interesse Social, de Goiânia (GO). O Colabore é uma iniciativa da Secretaria de Cidade Sustentável e Resiliência de Salvador e do Sebrae, que busca estimular ideias sociais que tragam inovação para a cidade. O projeto nasceu em 2017 e oferece um ambiente de trabalho compartilhado, favorável à criação e à interação entre a comunidade empreendedora. Os usuários do espaço têm acesso a escritórios compartilhados, auditório e salas de reuniões. Além disso, o espaço reutiliza a água da chuva, realiza tratamento de esgoto e captação de energia solar.

Com o nome coabitar, partilhar, gerar renda e caminhar, o projeto de Habitação de Interesse Social surgiu em um concurso de Arquitetura e Urbanismo do CAU/GO, onde a profissional Maria Jocelei Steck desenvolveu um conjunto habitacional de 52 casas geminadas em uma quadra cheia de diversidade e possibilidades de uso como referência e elo transformador da cidade saudável para as pessoas. Os espaços foram pensados para trazer mais comodidade, segurança e integração para a comunidade localizada no conjunto Vera Cruz. “Também possibilitamos espaços de oficinas que geram micro empreendedorismo entre as pessoas que ali residem e que podem gerar renda dentro de suas próprias casas com espaços flexíveis”, destacou Maria.

O último projeto apresentado foi a construção das caiçaras na Praia do Amor, desenvolvidas em parceria com a Prefeitura Municipal de Conde e da Universidade Pontifícia do Chile. Segundo o secretário de Planejamento do município, Flávio Tavares, as caiçaras dos pescadores estavam crescendo de forma espontânea e desordenada ao longo do tempo, situação que trouxe exploração financeira das construções, impacto ambiental negativo, uso de alvenaria, lançamento de esgoto e água cinza na praia. Em 2018, a prefeitura foi obrigada a derrubar os espaços e a partir disso surgiu a ideia de construir novas caiçaras. O projeto contou com o auxílio dos pescadores locais e hoje é considerado um ponto turístico na cidade, além de ser o principal ponto de trabalho desses profissionais.

Para a presidente da FNA, os ODS trazem um leque de possibilidades em projetos e planos que podem revolucionar a urbanização brasileira na próxima década. “É muito significativo estar aqui apoiando esses objetivos ao lado de outras entidades. Escolhemos 51 projetos que irão representar fielmente a proposta do guia e hoje conhecemos quatro iniciativas muito alinhadas a essa proposta”, ponderou. Na mesma linha, Carvalho elogiou o trabalho realizado por cada um dos painelistas e reforçou a dimensão desses projetos para as comunidades que eles abraçam.

A programação do Circuito Urbano 2020 segue até o dia 31 de outubro com diversos painéis sobre direito à moradia, política habitacional, urbanização das metrópoles, cidades pós Covid-19, entre outros. As palestras são transmitidas ao vivo no Canal do Youtube do evento e o cronograma completo pode ser acessado aqui.

Assista o painel desta quinta-feira aqui.

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