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Arquitetura e Urbanismo para a construção coletiva de um mundo melhor

Em uma noite de falas tão impactantes que tornaram a transmissão da mesa de abertura do 45º Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas (ENSA) um evento impossível de tirar os olhos da tela, os arquitetos e urbanistas foram chamados à mobilização por mudanças necessárias para um mundo melhor para todos. Alternando-se em manifestações The post Arquitetura e Urbanismo para a construção coletiva de um mundo melhor appeared first on FNA.Read More

Em uma noite de falas tão impactantes que tornaram a transmissão da mesa de abertura do 45º Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas (ENSA) um evento impossível de tirar os olhos da tela, os arquitetos e urbanistas foram chamados à mobilização por mudanças necessárias para um mundo melhor para todos. Alternando-se em manifestações contundentes que reuniram profissionais de diferentes regiões do Brasil, os convidados para a mesa de abertura avaliaram a conjuntura global e do país, reforçando a necessidade de começar a pensar logo nas medidas que possam ser implementadas pelo desenvolvimento inclusivo sob os aspectos sociais, ambientais e econômicos.

Liderança pela democratização das cidades, a vereadora do Rio de Janeiro, arquiteta e urbanista Tainá de Paula, foi enfática ao desafiar a todos a começarem a pensar já nas medidas para a reversão da grave crise atual. “Não podemos repetir os titubeios do passado, incluindo o debate da terra e das sobrevivências. Cabe a nós sermos os projetistas de futuros. Somos profissionais da vanguarda para um futuro de equidade e de direitos”, frisou. Segundo Tainá, o momento é de reação uma vez que o “capitalismo está nu” e as temáticas sociais e antirracistas ganham força. Além disso, sugeriu que o movimento sindical e a sociedade avaliem as profissões que estão “na ponta do chicote do capitalismo”, com avanço do trabalho por aplicativos, por exemplo. “Precisamos peitar com força o 1% do brasil que é detentor das terras, das taxas de juros e dos privilégios”.

Confiante de que um modelo melhor de cidade passa pela mão dos profissionais de arquitetura e urbanismo, a professora aposentada pela USP e coordenadora do BR Cidades, Erminia Maricato, confia que ainda é possível “mudar o mundo” mesmo em um mercado de hegemonia do capital financeiro e da “acumulação pela acumulação”. Neste contexto, ela reforçou a importância da retomada da economia solidária, com sociedade cooperativa e mudanças consistentes do sistema de ensino e desenvolvimento econômico. “Arquitetura não é luxo. Podemos mudar a vida das pessoas. Arquitetura é fundamental para a saúde, para o meio ambiente e para o saneamento”. Erminia aproveitou a ocasião para convidar os colegas para um encontro da sociedade pelo direito à cidade em maio do próximo ano. “Precisamos inserir as cidades na agenda de 2022. Tirar a esquerda da apatia, trazer os jovens”, enumerou.

Na mesma linha, a deputada federal Erika Kokay lembrou que vivemos em uma democracia açoitada, onde é preciso abrir espaço para cidades que caibam todos e “não apenas metade”. “Estamos em um ataque dos mais profundos aos direitos trabalhistas em uma lógica de acumulação de capital guiada pelo capitalismo rentista. Um capitalismo improdutivo que provoca um desemprego estrutural que alimenta a precarização das relações de trabalho”, disparou. Processo perigoso, garante ela, porque é capaz de deturpar a realidade. “O pior é quando o opressor ocupa o corpo do oprimido”, refletiu. A parlamentar ainda mobilizou os profissionais a emitirem posição sobre o projeto de lei complementar, em tramitação na Câmara dos Deputados, que permite o enquadramento de arquitetos e urbanistas como Microempreendedor Individual (MEI).

O debate para buscar contribuições e pensar as estratégias de recuperação das políticas públicas, necessárias e inclusivas, já começou. Entre as ações na lista das lideranças, durante a abertura do 45º ENSA, está a necessidade de recompor a pauta ambiental. Segundo o arquiteto e urbanista e professor da USP, Nabil Bonduki, é urgente debater a emergência climática e o impacto das ações do homem na sustentabilidade do planeta. O assunto, continuou, está atrelado diretamente à divisão de renda, porque o impacto de episódios catastróficos geralmente atinge os mais pobres, afinal, são eventos que afetam áreas onde vivem as populações mais vulneráveis e sujeitas a riscos de deslizamentos, por exemplo. “É tempo de construção de uma proposta que coloque esperança no futuro”. Esse trabalho, disse ele, precisa de ampla participação não apenas de uma categoria, mas de toda uma sociedade disposta a enfrentar a dominação do capital e das grandes corporações.

A mesa foi mediada pela presidente da FNA, Eleonora Mascia, e pelo vice-presidente Ormy Hütner Jr. O encontro ainda contou com a participação do presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), Roberto Freire, que lembrou das dificuldades e perdas de direitos enfrentadas. “Vamos resistir e desfazer o processo de destruição, resgatando a soberania nacional. Um novo mundo é possível”, disse otimista. Representando a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o vice-presidente da entidade, Vagner Freitas, elogiou a ação dos arquitetos e urbanistas como uma categoria combativa que busca o humanismo e um Brasil melhor com respeito às minorias e à democracia.

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