O Memorial Luiz Carlos Prestes (LCP) entrou em debate na Câmara de Vereadores de Porto Alegre (RS), cidade que abriga o centro cultural. O motivo é a proposta de revogação do atual nome, uma homenagem ao político gaúcho falecido em 1990, encaminhado pela vereadora Comandante Nádia (DEM) a Comissão de Urbanismo, Transporte e Habitação (Cuthab) do município. O Memorial, que tem seu projeto assinado pelo arquiteto e urbanista Oscar Niemeyer, foi aprovado pela Câmara ainda nos anos 90 e construído, especialmente, para homenagear a vida de Luís Carlos Prestes. A Associação Memorial Luiz Carlos Prestes criou um abaixo-assinado, que pode ser acessado aqui, repudiando o projeto de alteração do nome e caráter da obra. A Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) e o Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul (SAERGS) participaram do abaixo-assinado.
De acordo com o texto de manifestação do documento, “a construção do Memorial não custou um centavo ao erário municipal. Ele foi construído e gerenciado fielmente conforme os ditames da lei aprovada pela Câmara Municipal, e às intenções do autor do projeto”. O presidente do centro cultural, Edson Ferreira dos Santos, explica que sua construção foi aprovada logo após o falecimento de Prestes. A lei foi de autoria do então vereador Vieira da Cunha (PDT) e a Câmara autorizou o Executivo Municipal a definir a localização e as medidas do terreno cedido para construção. Em 2008, devido a dificuldades na alocação, o Comitê Gestor do Memorial firmou parceria com a Federação Gaúcha de Futebol (FGF), e metade do terreno foi cedido para construção da sede da FGF e outra para a construção do Memorial LCP. Essa parceria, patrocinada pela prefeitura, também foi aprovada pela Câmara.
“Essa proposta encaminhada pela vereadora é, claramente, ideológica. Toda a arquitetura do Memorial é inspirada na vida de Prestes e querer modificar seu nome é apenas apagar a história e deturpar os fatos, não só sobre um importante político brasileiro, mas da última obra feita por Niemeyer em vida. Nós respeitamos os posicionamentos e as opiniões de todos, mas não podemos permitir que se deturpe o objetivo do nosso centro cultural”, afirma Santos.
O presidente do SAERGS, Evandro Medeiros, destaca a quebra de compromisso com o autor do projeto e com a Associação Memorial LCP, caso o projeto seja aprovado. “A proposta representa um verdadeiro absurdo de propósitos. Além de destituir a edificação do motivo que a originou e que viabilizou o primeiro projeto de Niemeyer em Porto Alegre, um marco para estudantes, profissionais e turistas, representa também o desrespeito para com a própria Câmara de Porto Alegre, que votou e aprovou a doação do terreno em 1998. Esse ataque à memória de Prestes parece coisa de quem não tem condições de construir sua própria biografia e precisa atacar alguém para ser reconhecida publicamente”, pontua.
A vereadora usou como base um projeto de lei do ex-vereador Wambert Di Lorenzo (PTB), já rejeitado pela Câmara, sugerindo que o centro cultural passe a se chamar “Memorial Cidade de Porto Alegre”. A Cuthab analisou a proposta e teve três votos contra de Roberto Robaina (PSOL), Karen Santos (PSOL) e Cassiá Carpes (PP), e três votos a favor de Pablo Melo (MDB), Hamilton Sossmeier (PTB) e Gilson Padeiros (PSDB). O projeto pode ir à votação a qualquer momento na Casa e, caso aprovado, segue para sanção do prefeito Sebastião Melo (MDB).
O Memorial Luiz Carlos Prestes
O Memorial Luiz Carlos Prestes, localizado na Avenida Ipiranga, 10, em Porto Alegre (RS), foi finalizado em 2017. O projeto, desenvolvido por Oscar Niemeyer, em coautoria com seu neto, sempre se tratou de uma homenagem do arquiteto à memória de Prestes. Em carta ao jornal Folha de São Paulo, em 2008, e relembrada pelo jornal Sul21, o profissional destacou que o político foi “um brasileiro que lutou em favor de seu povo, contra a miséria e a desigualdade social”.
Prestes, que nasceu em Porto Alegre em 1898, foi um político comunista brasileiro e uma das personalidades mais influentes no país durante o século XX. Ele liderou a Coluna Prestes, em 1920, foi preso durante a ditadura do Estado Novo e secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro de 1943 a 1980. Faleceu aos 92 anos no dia 7 de março de 1990, na cidade do Rio de Janeiro.
Crédito da Imagem: Eugenio Hansen, OFS
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