Alfredo Brillembourg foi muito enfático em sua apresentação, nesta terça-feira, 23 de março, na Semana Aberta UIA2021RIO: para ele, “a Arquitetura com A maiúsculo é a arquitetura social”. Tudo mais é moda. “Eu vejo nas revistas diferentes formas e fachadas com distintos materiais e cores; lindas caixinhas bem desenhadas. Não me interessam. A ninguém devem interessar se não houver impacto social”. Questionado, pelo também arquiteto Fernando Serapião, editor da revista Monolito, sobre o que o levou a ter uma visão social da profissão, Brillembourg contou de sua infância: “eu nasci em uma posição privilegiada e, quando criança, na Venezuela, era levado de carro para a escola. No caminho, parávamos em Chacao, para deixar a moça que cuidava de mim. Então eu via aquele bairro carente e, na escola, ficava pensando que os pobres conheciam a cidade toda, enquanto os ricos não conheciam a vida dos pobres. Quando fui para os Estados Unidos, estudar arquitetura, tentaram me ensinar com Frank Gehry, com formas, com o pós-modernismo, mas eu não achei interessante. Então comecei a ler autores como Aldo Rossi que dizia que o único lugar em que se pode ser arquiteto de verdade é na resistência às modas”.
De volta à Venezuela, Brillembourg se inspirou em Carlos Raúl Villanueva. Depois, em passagem pelo Brasil, conheceu o Programa Favela-Bairro e uma pessoa que definiu o rumo de sua carreira: o arquiteto argentino Jorge Mário Jáuregui. “Foi o Jorge que me mostrou que era possível fazer arquitetura na favela”, disse Brillembourg. Em Caracas, fundou o Urban-Thik Tank (U-TT) e começou a pesquisar e trabalhar para comunidades. Um dos projetos foi o de um ginásio vertical em Chacao. Brillembourg lembrou como começou a idealizar o projeto, promovendo torneios esportivos para a comunidade. “Eu queria criar um espaço onde aquelas pessoas pudessem continuar jogando mesmo no período de chuvas”, disse. Num terreno de 800 metros quadrados, ergueu uma estrutura leve com um total de 4 mil metros quadrados de área construída. “Eu sou caracterizado como um arquiteto que desenha equipamentos que podem ser feitos por partes, com peças que podem ser colocadas de maneiras distintas”, comentou.
De novo em visita ao Brasil, Brillembourg conheceu o líder comunitário Gilson Rodrigues, que o apresentou à Favela de Paraisópolis, em São Paulo, para onde o U-TT desenhou o Grotão – Fábrica de Música. O projeto previa a instalação de um edifício público multifuncional no meio da favela – em uma área de desabamentos – com componentes de agricultura urbana, sistema de gestão de águas, anfiteatro público, escola de música, sala de concertos, instalações desportivas, espaços públicos e infraestruturas de transportes. Não chegou a ser executado e o local foi novamente ocupado de forma irregular sofrendo inundações, incêndios e outros problemas, situação que, para Brillembourg, reforça a importância da ação social das novas gerações de arquitetos. Em uma mensagem para os jovens estudantes e profissionais, ele insiste: “não prestem atenção à moda, porque a arquitetura se converteu em um ‘fashion statement’. E não fazemos nada se não atendemos aos 80% da população que passam necessidades”.
Para assistir a íntegra da apresentação de Brillembourg, acesse:
Foto: Urban-Think Tank
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