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Uma militância que nasceu da necessidade de brigar pelo direito à moradia

Aos 26 anos, Ana Paula da Silva viu em uma ocupação a única alternativa de sobrevivência. Era isso ou a rua. Na época como empregada doméstica que dormia no serviço e ao mesmo tempo estudante do curso de técnica em enfermagem, ela teve que optar pelo trabalho (e casa) ou um estágio obrigatório do curso. The post Uma militância que nasceu da necessidade de brigar pelo direito à moradia appeared first on FNA.Read More

Aos 26 anos, Ana Paula da Silva viu em uma ocupação a única alternativa de sobrevivência. Era isso ou a rua. Na época como empregada doméstica que dormia no serviço e ao mesmo tempo estudante do curso de técnica em enfermagem, ela teve que optar pelo trabalho (e casa) ou um estágio obrigatório do curso. Ela escolheu o estágio, pelo tempo já dedicado e pelo investimento já feito nessa formação.

Ali, ela praticamente foi empurrada para a ocupação onde sua mãe já estava com seus outros três irmãos.  A ocupação do Arruda, em Recife, já era o segundo onde sua mãe possuía casa – a família natural de Bonito (MS) se mudou para Recife em busca de melhores condições de vida, mas se depararam com um mercado imobiliário opressor.  “Minha mãe não teve alternativas e foi para a sua primeira ocupação, a de Campo Grande, também em Recife. Naquela época, aos 22 anos, optei por ficar na casa da família”, conta Ana Paula.

A mudança para o Arruda foi mais do que uma oportunidade de morar, mas um abrir de portas para a militância e o engajamento no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)/ União Nacional por Moradia Popular (UNMP). “Ali percebi a importância da organização em um movimento de moradia. Me tornei militante, participei de grupos de juventude até receber o apoio para chegar à coordenação estadual e nacional do movimento”, relata Ana Paula.

A situação de vulnerabilidade de sua família e de muitas outras continuou, o que mudou foi a percepção de que lutar era preciso. E mais do que uma articulação local, viu que sem uma formação e um entendimento político, as demandas não iam para a frente. “Resolvi cursar Assistência Social, me formei e hoje sou responsável por todos os projetos sociais do MTST”, afirma. Hoje, aos 38 anos, também está na coordenação nacional da UNMP como secretária nacional das mulheres.

Seu trabalho nas ocupações passava pelo tradicional diagnóstico das famílias para a escolha de qual seria contemplada com as habitações. O envolvimento naquela época contava com a possibilidade de financiamento a baixo custo para as famílias através do programa Minha Casa, Minha Vida, desmantelado pelo atual governo. Com muita luta, o movimento conseguiu casa para mais de 5 mil famílias no estado de Pernambuco. Ela própria teve a sua conquista e hoje é moradora na cidade de Paulista, na região metropolitana de Recife.

A militância continua, assim como o seu papel de cuidar dos projetos sociais da cidade de Paulista, no cargo de assistente social da Diretoria de Regularização Fundiária da Secretaria Municipal de Infraestrutura.  Mesmo com todos os percalços pelos quais passou, Ana Paula sabe que tomou a decisão certa ao escolher lá atrás pela carreira que acabou não exercendo, mas que a levou para uma outra trajetória cheia de conquistas.

Foto: Arquivo Pessoal/Ana Paula da Silva

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