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Força feminina que passa de mães para filhas
Assim como hoje carrega suas filhas para as lutas, sua mãe também a carregava. Essa é Ceniriani Vargas da Silva, 33 anos, mãe de Dandara (11) e Tainá (5), moradora do Assentamento 20 de Novembro, em Porto Alegre, coordenadora do MNLM-RS e presidente da Cooperativa de Trabalho e Habitação 20 de Novembro. Há 14 anos The post Força feminina que passa de mães para filhas appeared first on FNA.Read More
Assim como hoje carrega suas filhas para as lutas, sua mãe também a carregava. Essa é Ceniriani Vargas da Silva, 33 anos, mãe de Dandara (11) e Tainá (5), moradora do Assentamento 20 de Novembro, em Porto Alegre, coordenadora do MNLM-RS e presidente da Cooperativa de Trabalho e Habitação 20 de Novembro. Há 14 anos entrou de cabeça no MNLM e foi morar na Ocupação 20 de Novembro, com uma mochila nas costas e muitos sonhos coletivos de transformação social.
O Assentamento é fruto de uma luta que se iniciou em 2006, com a Ocupação 20 de Novembro e se concretiza em um prédio público federal, cuja obra foi abandonada há cerca de 50 anos. Ni, como é conhecida, enfrentou um despejo, uma remoção pelas obras da Copa, muita precariedade e sentiu na pele cada mudança de prioridades dos governos que foram passando. Mas perseverou junto com o pessoal do movimento até conquistar a concessão do imóvel para 40 famílias de baixa renda.
‘Desde criança tenho lembranças de muitas mobilizações comunitárias e reuniões do Orçamento Participativo com minha mãe. Meus pais quando foram expulsos do campo, na década de 1980, vieram ocupar um cantinho no Morro em Porto Alegre, então, eu nasci e cresci em ocupação. Aprendi na prática que através da nossa organização comunitária fomos conquistando direitos básicos como saneamento, pavimentação, luz e água. Compreendi desde cedo que nós que nascemos pobres temos que lutar para garantir nossos direitos e nos somar ao máximo possível de pessoas’, diz a ativista formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS. Além da própria experiência familiar, Ni trilhou seus próprios passos na luta ainda muito jovem. Foi militante do Movimento Estudantil, Movimentos de Juventude e Movimento Feminista (Ong Themis) e sua aproximação com o MNLM se deu justamente desenvolvendo atividades de formação com a juventude e as mulheres nas ocupações.’ Na militância também descobri que existem universidades públicas, fiz um cursinho pré-vestibular popular e fui a primeira pessoa de minha família a fazer curso superior’ relata
No Assentamento 20 de Novembro, um símbolo nacional de luta pela moradia serão construídos 40 apartamentos para famílias de baixa renda, com acessibilidade universal, sustentabilidade ambiental e econômica, produção de energia solar, reuso de água da chuva (cisterna), horta orgânica e a separação e comercialização de resíduos recicláveis para redução de custos de condomínio. O projeto prevê também espaços para geração de renda através do trabalho solidário, espaço cultural, de formação, cozinha comunitária, salão de festas, pracinha, biblioteca e ciranda para as crianças. “É o lugar onde quero que minhas filhas cresçam, com qualidade de vida, mas principalmente sem o risco de sermos despejados novamente.’
Para Ni, o 20 de Novembro representa mais que a conquista das 40 famílias. É um projeto idealizado dentro de uma perspectiva de construção de comunidade e de cidade mais inclusiva e sustentável, uma experiência concreta a ser fortalecida e reproduzida. ‘O Assentamento é um símbolo da luta pela reforma urbana, representa o lugar pra realizar na prática o que o MNLM, a Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam) – organização parceira do projeto – e seus apoiadores defendem como política habitacional com garantia do direito à cidade para todos e toda’, afirma.
Crédito: arte sobre foto MNlM/Divulgação
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